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Itamaraty lamenta mortes na Faixa de Gaza durante ajuda humanitária

Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores
Joédson Alves/Agência Brasil – 05/10/2023

O Ministério das Relações Exteriores divulgou nesta sexta-feira (1º) um comunicado lamentando as mortes de palestinos que aguardavam o recebimento de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, na quinta-feira (29). O governo brasileiro disse que o episódio foi uma “situação intolerável, que vai muito além da necessária apuração de responsabilidades pelos mortos e feridos”. O órgão também disparou críticas ao governo de Benjamim Netanyahu, que negou ter sido o responsável pelo ocorrido.

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Segundo o Itamaraty, “o governo Netanyahu volta a mostrar, por ações e declarações, que a ação militar em Gaza não tem qualquer limite ético ou legal”. “Cabe à comunidade internacional dar um basta para, somente assim, evitar novas atrocidades. A cada dia de hesitação, mais inocentes morrerão. A humanidade está falhando com os civis de Gaza. E é hora de evitar novos massacres”, afirma a nota do Itamaraty.

“Ainda assim, a inação da comunidade internacional diante dessa tragédia humanitária continua a servir como velado incentivo para que o governo Netanyahu continue a atingir civis inocentes e a ignorar regras básicas do direito humanitário internacional. Declarações cínicas e ofensivas às vítimas do incidente, feitas horas depois por alta autoridade do governo Netanyahu, devem ser a gota d’água para qualquer um que realmente acredite no valor da vida humana”, acrescenta o comunicado.

A distribuição de ajuda humanitária em Gaza virou o centro de uma polêmica nesta quinta-feira (29). O Hamas acusa soldados israelenses de matar ao menos cem pessoas que aguardavam o auxílio. O governo de Israel, no entanto, nega que as tropas tenham atirado contra a multidão, e afirma que as pessoas foram pisoteadas ou atropeladas na aglomeração. A confusão aconteceu perto da cidade de Gaza, onde centenas de pessoas esperavam por caminhões de ajuda humanitária.

Crise diplomática

Brasil e Israel vivem uma crise diplomática desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparou as ações militares israelenses ao extermínio de judeus. A declaração do petista fez com que o governo do país localizado no Oriente Médio o declarasse como persona non grata.

Como mostrou o R7, Lula tem dito aos interlocutores que a declaração foi proposital e a ideia era encorajar outros presidentes a se posicionarem diante do conflito. Integrantes do governo de Netanyahu, por sua vez, defenderam que o líder brasileiro peça desculpas pela declaração, o que não ocorreu até o momento.

Mesmo depois da declaração que abriu uma crise diplomática, Lula reafirmou recentemente que a ação militar israelense na Faixa de Gaza é um genocídio e voltou a defender a criação de um Estado Palestino.

O presidente de Israel, Isaac Herzog, também condenou a declaração do presidente do Brasil. Herzog disse que há uma “distorção imoral da história” e apela “a todos os líderes mundiais para que se juntem a mim na condenação inequívoca de tais ações”.

Entidades e organizações também criticaram a declaração de Lula. A Conib (Confederação Israelita do Brasil) repudiou a fala. A instituição classificou a afirmação como “distorção perversa da realidade que ofende a memória das vítimas do Holocausto e de seus descendentes”.

Maioria acha que presidente está errado

Um levantamento realizado pelo instituto Real Time Big Data divulgado na última segunda-feira (19) indica que 83% dos entrevistados discordam da comparação do presidente entre a guerra na Palestina e o Holocausto nazista. A pesquisa também revela que 89% dos entrevistados têm acompanhado as notícias sobre a guerra e que 57% acreditam que Israel está “certo” no conflito.

A pesquisa, encomendada pela RECORD, foi feita com 800 entrevistados, em 19 de fevereiro. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.

Os entrevistados também foram perguntados sobre qual deve ser o posicionamento do Brasil no conflito: 54% afirmaram que o país deveria ficar neutro, enquanto 26% acreditam que o Brasil deve apoiar Israel e 14% que deve apoiar o lado Palestino. 6% dos entrevistados não souberam ou não quiseram responder.

Dos participantes da pesquisa, 53% dos são mulheres e 47% são homens. A faixa etária mais representada é de 45 a 59 anos, com a maioria dos entrevistados (25%). Quanto à escolaridade, 43% possuem ensino médio completo, 41% até o fundamental completo e 16% até o superior completo.

Reação do Congresso

A declaração motivou ainda um pedido novo de impeachment contra Lula. Encabeçado por 134 parlamentares da oposição, o grupo sustenta que houve comprometimento da neutralidade do Brasil após as críticas feitas pelo chefe de Executivo sobre a conduta de Israel no conflito em Gaza.

O texto cita os elogios e agradecimentos feitos pelo grupo terrorista Hamas ao governo brasileiro e diz que “nem mesmo nações que pregam a extinção do Estado de Israel foram capazes de proferir tamanha atrocidade”.

“A conduta do denunciado consiste na prática de ato de hostilidade contra o Estado de Israel, consistente em declarações de cunho antissemita, comprometendo a neutralidade do país”, diz o pedido de impeachment.

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